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7/15/2012

Toco de Enxurrada

Por, Virginia Almeida Ferreira, Adaptado de um texto de escritor de histórias infantis.
Você já ouviu falar em “toco de enxurrada”?  É aquele tronco de árvore que nos rios da vida, apesar de toda a pressa da água, navega devagar, pára aqui, enrosca ali, dá um tempo mais adiante.  Proseia, bate papo, emociona-se de riso, de choro, de sonhos. E, ao seguir, de novo, nas águas, parte renovado de esperanças, deixando e levando frutos da amizade. Pois é, graças à sabedoria passadas pelos pais, que muitos “tocos de enxurrada”, navegam pela vida e fazem muitas paradas. Alguns param nas faculdades, se tornam Psicólogos, Pedagogos, Professores, enquanto trabalham para sustentar a prole às vezes numerosa. Outros, afastados dos bancos escolares, tornam-se boiadeiros, pescadores, caçadores e ávidos contadores de histórias. Conhecem cada canto de pássaro, cada toca de bicho no mato, cada rês desgarrada. Descobrem que por viver como um “toco de enxurrada”, ouvindo, vivendo histórias e visitando os tesouros da amizade, tornam-se algo na vida. Às vezes, este “toco de enxurrada” nascido no alto da serra, na nascente do rio, ou nas encruzilhadas ao pé do morro, moleca por aí, fazendo estripulias e levando a vida como quer.  Livre, quando desgarrado, avança pelas matas “engaiolando” passarinhos, catando pinhões soltos das árvores, escondendo-se à beira das estradas, atirando pedras na bunda dos bois, só para ver o estouro da boiada, mas, isto lhe custa um “pé no ouvido”, que fica zunindo até a próxima lua cheia. Cada “toco de enxurrada” bate e apanha muito na vida. Nas guerras de molecada onde é um por todos e todos por um, motivo são e muitos,sempre envolvendo a garota alheia ou a bola de futebol, briga de mão que logo termina com a assinatura de paz, e ali, nascem grandes amizades. Cada “toco de enxurrada”, passa pela infância e cresce cheio de sonhos  que o transforma no jovem que se apaixona,  sofre desamores mas, continua a rolar, engastalhando-se ou buscando corredeiras mais livres onde possa sonhar amar e criar novos troncos de amizade. Você, por acaso conhece algum “toco de enxurrada”? Muitos já se foram (Braz do Funil, Dolor Tomé, Chico Silvino...), mas, existem ainda centenas por aí, dispostos a contar as paradas que tiveram em sua caminhada pela vida. Procure um destes contadores de histórias, faça amizade e veja como valerá a pena conhecê-los e prosear sobre suas passagens pelas enxurradas pelas quais sobreviveram.  Sempre que sentir vontade de ouvir causos e lendas passadas procure-os, afinal vocês já serão amigos.

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