Aí está Mia Couto,
possuidor de uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesias,
contos, romances e crônicas. A obra desse escritor no seu conjunto revela a
tentativa de delinear o rosto de seu país, onde os personagens sem poderem dar
conta das mudanças dramáticas da história, reinventam o cotidiano sobretudo a
partir de uma linguagem inovadora que tende apontar para um devir em que se
mesclam utopias e sofrimentos, muitas vezes transfigurados em maravilhas.
HORÁRIO DO FIM
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
A ADIADA ENCHENTE
Velho, não.
Entardecido, talvez.
Antigo, sim.
Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou.
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário