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10/27/2009

Uma Homenagem

Roberto Duarte.

Terça, 18 de agosto. Viajo sem ainda saber da trágica notícia. Sabendo-a não a faria. Porém não posso deixar passar despercebido algo inusitado. Ao sair, já um tanto apressado para não perder a condução retorno instintivamente após ter caminhado bons passos. Sou instado a levar uma revista. Mas qual? Não foi necessário esforço qualquer. Estava sobre a televisão como a dizer-me – " eis - me aqui."
Revista Arautos do Evangelho – leitura mais que recomendável - recebo-a mensalmente por conta de modestíssima contribuição. É uma revista católica que sempre leio e releio, mormente as páginas que comentam o Evangelho. A releitura estava por fazer. Penso com meus "botões" - por que não a fizera? Sempre na primeira leitura grifo e assinalo com asterisco as frases e palavras - chaves que normalmente exigem maior ruminação para melhor aprofundamento, pois, emana da lavra do magistral articulista Mons. João Scognamiglio Clá Dias.
O Evangelho comentado é o de João cap.6, versículos 41 a 51 . "Eu sou o pão que desceu do céu."
No introito o articulista, suponho, começa tangendo com aquela força o teclado, carregando na tinta, - por minha conta - censura preconcebida aos coetâneos de Jesus: fariseus, saduceus, escribas e... quejandos – que esboçavam, gratuitamente, sua obstinada e ilógica incredulidade em relação à santidade do Mestre. Jesus diante deles deu provas inequívocas e evidentes: "cura de todo tipo de doenças, libertação de possessões diabólicas e outros milagres assombrosos, entre os quais a mudança da água em vinho, ou a multiplicação de pães e peixes, ocorrida pouco antes do episódio narrado neste Evangelho do 19° Domingo do Tempo Comum." Mas, para encurtar o assunto e ir logo ao cerne da questão diz que "a natureza humana é um composto de espírito e matéria - a alma e o corpo - no qual há uma hierarquia em que a parte espiritual deve - o grifo é meu - governar a material, o que ocorre pela prática da virtude - que é a disposição firme e constante na busca do bem - com o auxílio da graça." Não vou transcrever o que acontece quando "o homem se deixa dominar pelas potências inferiores. No primeiro caso predomina o espírito e dizemos estar diante do homem espiritual; no segundo, prepondera a matéria: é o homem carnal, ou como se diz materialista." Com Deus chego onde queria. Retornando a Valença ao desembarcar recebo a notícia do chamado de Deus ao nosso querido Hilton Mello.
Por que não esbocei qualquer reação? Porque veio - me à mente o ato inusitado - do levar a Revista. Era minha intenção relê-la no ônibus que me conduziria ao Rio de Janeiro. Tentei - mas do além veio a ordem de que o momento não seria aquele. Não ousei sequer tirá-la do envelope. Adormeci até. Quando me encontrava no lugar onde fui tratar do assunto que motivara a viagem - uma sala com relativo conforto umas trinta pessoas silentes com os olhos e ouvidos direcionados a uma televisão que transmitia o de sempre - a desgraça que assola o país: assaltos, latrocínios, arrastões, acidentes, prisão de gente grande e pequena, denúncias idem; falcatruas, arranjos, superfaturamento, malversação do erário público, caos na saúde – agravado pela nova gripe - na educação, atos secretos e... nada de punibilidade aos grandes, mas aos pequenos ... "não sei, não vi, não conheço." Mas a grana sumiu, o patrimônio aumentou - magicamente? Pensei em deslocar-me para o corredor de acesso à sala no intuito de livrar-me de tantas notícias e cenas ruins. Mas, graças a Deus lembro-me da Revista e, por vontade D’Ele consigo concentrar-me na releitura. Detenho-me no parágrafo que descreve o homem espiritual - eis a razão, agora detectada, do não ter esboçado qualquer reação quando soube que Hilton fora chamado a usufruir da bem-aventurança – vida eterna - que Deus lhe havia reservado desde a eternidade. Ainda criança já nutria um respeito e amor paternos por ele. Deixava-me entrar na Cooperativa para pescar. Cresci e, com meu crescimento cresceu também a empatia entre nós que o tempo transformou-a em uma sólida e intocável amizade mercê dos atributos e qualidades incontestes que detinha: humano, solícito, caridoso, discreto; amigo nas horas certas e incertas. Culto, capacíssimo na profissão que escolhera. Devo-lhe muito. Dele aprendi os meandros do como ser bancário. Mormente de como preservar intactas e indevassáveis as transações dos correntistas dentre outras tantas preocupações que devem estar sempre presentes na lida estafante a que é submetido o bancário. Hilton foi para mim e, com toda certeza o foi para muitos e para todos O EXEMPLO a ser seguido. Neste momento em que expresso-lhe humilde homenagem ainda não estive com nenhum dos seus. Abraçá-los-ei o quanto antes. Oferecer-lhes-ei possíveis palavras consoladoras – se a emoção permitir. Mas minha consolação é externa, periférica. Desejar-lhes-ei, agora sim, com a alma jenuflexa a consolação que provém do Altíssimo. Aquela que lhes atinja o coração desde dentro. Que o suaviza, regenera; interrompe as lágrimas. Hilton nunca deixou que alguém chorasse.Vezes sem número não enxugava lágrimas ... impedia - as de rolarem. Desapegado do material, temente a Deus. Quantas vezes o vi na Igreja Matriz: sentado, aquela contida expectativa; de pé, olhos fixos no altar; jenuflexo, ante a elevação das Espécies, dele emanava uma aura que o transfigurava. Como poucos exercitou "os valores mais fundamentais que orientam, norteiam a convivência humana – o acolhimento e a solidariedade social. Deu-nos o entendimento de que acolher significa colocar o que somos como pessoa e o que temos, como a competência, a serviço da promoção do próximo. Entrar em sintonia com a história, a vida, a luta, de cada um e de todos." Meu inesquecível Hilton, que você, agora na bem-aventurança que o Pai lhe concedeu, interceda para que os seus acolham a graça consoladora que vem do Pai, e que eles a divida conosco seus eternos agradecidos amigos. Os que tivemos a graça de seu convívio e de fruir da sua sincera amizade – que sejamos todos espirituais como o foi você. Ouça – se assim for da vontade do Pai - o até aí – dos amigos saudosos mas cônscios de que você está iluminado pela luz que promana do Altíssimo. Vendo-O face a face .
Obrigado por tudo Hilton

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