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5/14/2012

Dia do Índio

Por, Célia Vaz - Artesã e Poetisa. Funil - Rio Preto.

O que significa esse dia?Para que serve? 
O Dia do Índio foi criado no Brasil em 1943 através de um decreto de Getúlio Vargas,após insistência do Marechal Rondon,pois desde 1940 outras nações americanas já o haviam feito,quando no México houve o I Congresso Indigenista Interamericano.O dia dezenove de abril instituiu-se porque foi o dia em que os índios compareceram ao Congresso,após um período de resistência quanto a participar do evento (estavam descrentes),o que tornou a data histórica. 
Lembro que quando criança,nas escolas era comum pintar a cara de índio,contar alguma história indígena e pronto,mais nada.Silêncio por todo o resto do ano.Chegando em casa as crianças iam brincar com seu “Forte Apache”,com os bonecos “Touro Sentado”, “Nuvem de Fogo”,etc. 
Numa nova colonização íamos integrando um modo de ser selvagem alheio às nossas raízes.Alguém conhece bonecos de Jaci,Tupã ou Micura?Ou pode narrar duas ou três histórias de qualquer etnia indígena brasileira?E você me pergunta para quê?Certamente nos ajudaria a entender mais e melhor nossa própria alma de brasileiros,confusos que somos assumindo discursos alheios,manipulados por povos mais fortes,porque mais fiéis às suas origens e mitos. 
Como seria bom que conhecêssemos nossos índios a ponto de nos re-conhermos neles!Vim morar no Funil para tomar banho de rio,andar pelas matas,ver uma onça!E quem sabe reviver um mito qualquer,sob o luar... 
Por isso proponho para este dezenove de abril (e para tantos outros dias) que tentem se sentir como nossos índios: 
Sente-se à beira de um rio,contemple o firmamento,ouça todos os sons (feche os olhos se quiser),sinta o vento. 
Eles eram uma e mesma coisa com a natureza,filhos dela.Experimentavam paz,alegria e comunhão cotidianamente,sempre contemplando,e celebrando. 
Contemplação, eis um santo remédio para a loucura do mundo.                                                                                                
Para complementar o texto, trago nestas linhas uma história Carajá, história de amor e de origens... 
“Houve um tempo em que os carajás viviam apenas da caça e da pesca.Não plantavam nem milho nem mandioca.Com as chuvas,não tinham o que comer.

Na aldeia carajá,havia duas irmãs: Imaerô,a mais velha,e Denaquê,a mais nova.Uma noite,quando olhavam o céu,Imaerô não tirava os olhos de algo que brilhava no céu.Seu coração batia forte. 
- Quero o que está brilhando ali – disse para o pai.
- Esta estrela grande é Tainacã.Ela fica muito longe daqui e não pode ser de ninguém.Só se você quiser muito,muito mesmo.Se ela ouvir,pode ser  que seu desejo se realize. 
A moça foi dormir pensando nisso.
No meio da noite,ouviu alguém entrar  na oca.Assustada,perguntou:
- Quem está aí?
- Tainacã – respondeu uma voz... 
Entusiasmada,Imaerô foi em direção à luz que iluminava no escuro.Chamou o pai e a irmã e acendeu o fogo para ver a cara da estrela.Mas,quando viu que a desejada estrela era um velho,de cabelos brancos como algodão,ficou curiosa e gritou. 
- Não quero me casar com você!Você é velho e feio!
Tainacã chorou baixinho.Denaquê,penalizada,pegou suas mãos e disse:
- Quero que você seja meu marido. 
No dia seguinte,celebraram o casamento.E,logo depois,o velho,feliz,disse à sua jovem esposa:
- Preciso ir sozinho à floresta,limpar um terreno e plantar coisas boas,que os carajás nunca viram.
Foi até o rio.Disse palavras mágicas e entrou na água.Com a água nos joelhos,mergulhava uma das mãos nela e tirava-a cheia de sementes – de milho,mandioca e todas as outras plantas que os carajás cultivam até hoje.Depois,foi roçar um terreno. 
Denaquê,preocupada com a demora,resolveu ir ao encontro dele.Já anoitecendo,quando chegou à clareira,que o marido acabara de limpar,não o viu.Cada vez mais preocupada,notou um rapaz espalhando cinzas quentes sobre o chão.E perguntou:
- Você viu um senhor passar? È meu marido.Ele está demorando a voltar para a aldeia.Tomara que não tenha acontecido nada de mau.
- Eu sou Tainacã – respondeu o belo jovem.E não sou velho.Fiz isso para pôr à prova a moça que tanto queria casar comigo.Fiquei feliz porque,mesmo achando que eu fosse um velho feio,você me aceitou.Para recompensar sua bondade,dou de presente ao seu povo estas culturas.Agora vamos voltar para a aldeia e contar tudo aos outros.
Quando Tainacã terminou a história,Imaerô deu um grito e desmaiou.Naquele momento,seu corpo evaporou e apareceu uma ave da rapina,que desde então vaga todas as noites,piando triste,assim que aparecem as estrelas.

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