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2/13/2014

Crianças

por, Virgínia Almeida Ferreira.
 
            Que saudades eu tenho dos beijos melados de nossas crianças, com os lábios brilhantes da calda de açúcar raspada da panela onde fora feita a calda do pudim de leite de nossas mães, das gargalhadas que davam ao verem os dentinhos colados com as balas puxa-puxa feitas para as festinhas infantis, dos olhinhos marotos ao ouvirem as histórias contadas ao fim da tarde na varanda olhando as estrelas no céu!...
“A verdade é que a criança gosta de histórias como gosta de caramelos e de brinquedo” (Josue  Montelo ).Outro dia dei de encontro com um texto de Janusz Korczak que me chamou muita atenção. Ele dizia: - “Vocês dizem: Cansa-nos ter de privar com crianças. Têm razão. Vocês dizem ainda: - Cansa-nos, porque precisamos descer ao seu nível de compreensão. Descer, rebaixar-se, inclinar-se, ficar curvado. – Não é isto que nos cansa, e sim, o fato de termos de elevar-nos até alcançar o nível dos sentimentos das crianças. Elevar-nos, subir, ficar na ponta dos pés, estender a mão. Para não machucá-las.  Para mim, livro é vida: desde que era muito pequena os livros faziam parte de meu dia a dia pois, meu pai  incentivava-nos a  ler contando-nos histórias e  nutrindo nossa estante de livros infantis.  Quando era criança brincava de construtora com pecinhas de madeira, livro era tijolo: em pé, fazia parede: deitado, fazia degrau da escada: inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me esprimia lá dentro para brincar de morar em livro. De casa em casa fui descobrindo o mundo( de tanto olhar para paredes) olhando desenhos e decifrando palavras. Fui crescendo e derrubando telhados com a cabeça. Mas fui  ficando intimas com as palavras e menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir  novas  casas. Todo dia minha imaginação  comia, comia, e comia; e de barriga assim tão  cheia , me levava pra morar no mundo inteiro; iglus, cabanas, palácios, arranha-céus, jardins encantados,  era só escolher e pronto, o livro me dava. Foi assim que, devagarzinho, me habituei com essa troca tão gostosa que no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida quanto mais eu buscava o livro, mais ele me dava. Hoje busco reunir meus sobrinhos  e netos ensinando -os a fabricar tijolos  - em um lugar-  para  poderem levantar a casa onde um dia irão morar. Ler par uma criança, tornou-se  essencial neste mundo onde a criatividade está ficando para trás. Lembre-se que existe um monte de histórias esperando para serem lidas para as crianças e este é um gesto simples e muito importante. Hoje virei um “contador de histórias” pois venho notando que as histórias  de “era uma vez” estão ficando cada vez mais abandonadas em um reino  muito distante. Nada mais compensador do que observar os olhos de uma criança quando estão ouvindo uma história. Em uma história bem contada de monstros, princesas ou de herói, as crianças estão aprendendo a olhar a própria vida e a conhecer um pouco de si. Nada melhor do que ler para os pequeninos na hora de dormir, pois eles precisam de sonhos e quanto mais mágico for o final da história mais realizados  eles ficarão e dormirão  embalados pela doce magia de ouvir histórias contadas pelas pessoas que eles  mais amam.

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