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10/27/2009

Editorial

Um Grito para ser ouvido
Imediatamente após a primeira edição do jornal O Grito, comentários irônicos foram veiculados no jornal Aqui. O que se pretendeu com isso foi desacreditar o novo jornal perante a opinião pública. Ao comparar o jornal O Grito a inutilidade do grito do porco diante da morte, tentaram nos convencer de que qualquer pessoa que discorde da atual Administração não será ouvida. Essa afirmação não deve ser verdadeira, pois para o melhor de Rio Preto é que qualquer opinião e jornal devem sim ser ouvidos e respondidos com argumentos que façam sentido. O que se espera da imprensa riopretana é que busque no Poder Público respostas completas e sérias para os problemas da cidade. O que se espera de um jornal daqui é que seja independente do Poder, para, assim, poder divulgar com igualdade as ideias, não importando serem estas da oposição ou situação.
Notamos, por outro lado, que a Administração 2009/2013 ainda não conseguiu um veículo de informação para responder aos questionamentos da oposição. E não será com piadas, anônimas ou não, que a prefeitura conseguirá cumprir esta obrigação.
Ficamos sem a Exposição, por motivo de saúde
O Dr. Rômulo Alvim escreveu uma carta aberta à população de Rio Preto e Parapeúna sugerindo o cancelamento da Exposição Agropecuária de Rio Preto em virtude da gripe da Gripe Suína (A H1N1).
A razão que o médico apresenta é o fato de que seria o cancelamento da festa uma forma de evitar, pelo maior tempo possível, a chegada aqui do vírus dessa gripe.
Este cancelamento da Exposição é uma medida sensata e oportuna dado o fato de desconhecermos a real dimensão que o problema causado pela nova gripe se configurará no futuro.
Nossa cidade está relativamente isolada dos grandes centros urbanos, os locais onde o vírus da nova gripe já está comprovadamente presente.
Devemos aproveitar a vantagem deste isolamento relativo de nossa cidade para conseguirmos evitar na medida do possível o surgimento de casos da nova gripe.
O adiamento ou mesmo o cancelamento da Exposição é uma das medidas que possibilitarão manter este vírus longe daqui, ao menos até que surja a vacina que nos livrará dos seus malefícios.
Felizmente, a Prefeitura acatou a sugestão do Dr. Rômulo.
Outra medida oportuna é agilizar para que quando surgir um caso suspeito dessa nova gripe, as equipes médicas possam imediatamente enviar material deste paciente para exames laboratoriais que comprovem se realmente é um caso de Gripe Suína. Assim, poderemos saber com certeza se as pessoas que apresentarem sintomas têm realmente a gripe ou não. Dessa forma, o paciente terá o tratamento eficaz, os médicos estarão seguros dos seus diagnósticos e Rio Preto terá noção exata da extensão que o problema da nova gripe alcançou aqui.

Notícias de Rio Preto

Artesanato riopretano na TV
A TV Panorama, afiliada da Rede Globo, visitou nossa cidade e fez uma matéria sobre o nosso artesanato. Vários artesãos foram entrevistados. No Funil, o artesanato de Célia Vaz, Índio, Lúcia, Regina, entre outros, ganhou destaque.
A fonte dessa reportagem foi o site da nossa cidade na internet. Através do www.riopreto-mg.com, segundo a equipe de reportagem, a TV Panorama tomou conhecimento da nossa arte.
Após esta matéria, certamente haverá um aumento de visitantes e vendas naquele lugar. O site tem informações da possibilidade de mais reportagens em outros canais.
Seria bom, diante disso, que o Poder Público de Rio Preto investisse mais na divulgação do nosso artesanato, pousadas, hotel, restaurantes, belezas naturais. Assim, incentivaria, decisivamente, o turismo e o comércio riopretano de forma geral. Incluiria na internet, por exemplo, a nossa Feira da Roça e Artesanato.
Enquanto as nossas autoridades não se movimentam para inclusão digital do nosso turismo e comércio, o site, dentro de suas possibilidades, vem divulgando gratuitamente o nosso artesanato. Mais informações para o artesão ver o seu trabalho divulgado gratuitamente estão no www.riopreto-mg.com
Esperamos sua visita e o seu contato.
Concurso para trabalhar na Câmara
A Câmara de Rio Preto vai realizar concurso para preencher três vagas, sendo uma de nível médio e duas de nível fundamental. As inscrições já estão abertas.Mais informações no site de Rio Preto (www.riopreto-mg.com), seção blog jornal Argumento.
Coincidência ou não, a iniciativa de realizar o concurso ocorreu após as denúncias do jornal O Grito sobre contratações irregulares realizadas pela Prefeitura e Câmara. Certo é que, após ter também contratado sem concurso, a Câmara volta atrás, marca concurso, e quebra um ciclo de anos.
Cachorros

Um cão danado, todos a ele, diz o ditado, que serve tanto para o bicho cão como para o bicho homem. Parece que em Rio Preto, o ditado vem ganhando uma força ainda maior, pois os inocentes cães são tidos como raivosos e comprometedores da nossa felicidade e paz.
Para tentar resolver esta questão, o advogado, cronista e protetor dos animais Dimas Cyrne Luz protocolou, junto ao Ministério Público de Rio Preto (leia-se Dr. Ari, o Promotor), uma proposta para que seja firmado com a Prefeitura um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Com esse termo, o advogado e muitos riopretanos pretendem uma solução humana para esta questão.
Torneio leiteiro lembra aniversário da cidade
A Fazenda Pouso Alegre, de propriedade do vereador Antônio Márcio e família, realizou, nos dias 23, 24, 25 e 26 de setembro, o 1º Torneio Leiteiro dos Amigos. Mais que uma competição, o torneio serviu para que o aniversário da cidade, 21 de setembro, fosse lembrado e comemorado pelos produtores rurais e demais participantes. Além das ordenhas, com vacas de primeiro plantel, os visitantes e participantes aproveitaram a noite com shows de forró.
Rio Preto tem internet banda larga. O que é isso?
Internet Banda Larga é o acesso à internet em alta velocidade. Esse tipo de conexão é capaz de ser até 30 vezes mais rápida que o acesso discado. Existem vários tipos e conexão banda larga, entre elas a via ADSL, a via cabo, a via ISDN ou a via rádio.
ACESSO VIA RÁDIO (Nossa)
O acesso via rádio utiliza a conexão por radiofrequência que através do equipamento de rádio permite o acesso banda larga. Neste tipo de conexão um aparelho de rádio é instalado no alto do prédio do assinante. Este aparelho precisa estar "vendo" o rádio do provedor para se comunicarem, isto é, voltado para o torre. É o que se chama "visada".
VANTAGENS
Economia para quem deseja conexões permanentes (24 horas por dia), por não pagar pulsos.Linha telefônica desocupada. Pode atender áreas sem possibilidade de cabeamento. O usuário tem que lidar com um só fornecedor de internet: o provedor.O tempo de instalação do rádio é curto.
RESTRIÇÕES
A instalação é mais apropriada para usuários coletivos, como por exemplo, condomínios. Existem restrições para o uso individual. Nem todas as áreas podem ser ativadas, é preciso ter a "visada". É preciso um número mínimo de assinantes.
Você acredita no turismo de Rio Preto?

Esta é a primeira enquete do jornal Argumento. Para participar basta acessar o site da cidade na internet (www.riopreto-mg.com) e, em seguida, entrar no blog do jornal. Até o fechamento desta edição, os votantes demonstraram otimismo no desenvolvimento do nosso turismo, 80% acreditam que temos condições para essa atividade lucrativa e de preservação do meio ambiente.
Bolsas plásticas na mira da lei
A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados aprovou novas regras sobre informações obrigatórias que devem constar nas sacolas de compras de supermercados e outros estabelecimentos comerciais.
Com o objetivo de evitar acidentes e assegurar o uso adequado dos sacos, devem ser impressas informações sobre volume, peso máximo suportável, composição, riscos à saúde, segurança do consumidor e restrições de uso.
As informações constam no texto do relator do Projeto de Lei 1390/07, deputado federal Elismar Prado (PT/MG). Várias mudanças foram propostas pelo parlamentar e aprovadas pela Comissão. Elismar Prado explica que as novas regras devem ser aplicadas tanto para sacolas distribuídas gratuitamente quanto a sacolas vendidas pelos estabelecimentos.
Além disso, o novo texto proíbe o uso de sacolas sem alças, mas é possível o uso de embalagens destinadas a acondicionamento de lixo, o que era proibido na proposta original. O relator ainda inclui diretriz para que os estabelecimentos progressivamente coloquem à disposição de seus consumidores, sacolas retornáveis, buscando reduzir o consumo de sacolas plásticas.
O projeto segue para análise da Comissão Constituição e Justiça e de Cidadania e depois para votação em Plenário.
Aguardamos a sua participação, mas não demore, pois esta enquete está terminando.

Os Pensadores


Adriana Falcão nasceu no Rio de Janeiro. Seu primeiro livro, voltado para o público infantil, "Mania de Explicação", teve duas indicações para o Prêmio Jabuti/2001 e recebeu o Prêmio Ofélia Fontes — "O Melhor para a Criança"/2001, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Em 2002, publicou "Luna Clara & Apolo Onze", seu primeiro romance juvenil. Seu romance "A Máquina" foi levado aos palcos por João Falcão. Na televisão, Adriana colaborou em vários episódios de "A Comédia da Vida Privada", "Brasil Legal" e "A grande família", todos da Rede Globo. Adaptou, com Guel Arraes, "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, para a TV, posteriormente levado ao cinema.
Solidão é uma ilha com saudade de barco. Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue. Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo. Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco. Pouco é menos da metade. Muito é quando os dedos da mão não são suficientes. Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça. Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego. Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento. Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa. Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára. Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido. Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista. Renúncia é um não que não queria ser ele. Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe. Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora. Orgulho é uma guarita entre você e o da frente. Ansiedade é quando sempre faltam 5 minutos para o que quer que seja. Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada em especial.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes. Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração. Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é Fevereiro... Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros. Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia. Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia. Perdão é quando o Natal acontece em outra ápoca do ano. Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa. Desatino é um desataque de prudência. Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo. Lucidez é um acesso de loucura ao contrário. Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato. Emoção é um tango que ainda não foi feito. Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele. Desejo é uma boca com sede. Paixão é quando apesar da palavra "perigo" o desejo chega e entra. Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... também não. É um "desadoro"... Uma batelada? Um exame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação,
esse negócio de amor não sei explicar...

Uma Homenagem

Roberto Duarte.

Terça, 18 de agosto. Viajo sem ainda saber da trágica notícia. Sabendo-a não a faria. Porém não posso deixar passar despercebido algo inusitado. Ao sair, já um tanto apressado para não perder a condução retorno instintivamente após ter caminhado bons passos. Sou instado a levar uma revista. Mas qual? Não foi necessário esforço qualquer. Estava sobre a televisão como a dizer-me – " eis - me aqui."
Revista Arautos do Evangelho – leitura mais que recomendável - recebo-a mensalmente por conta de modestíssima contribuição. É uma revista católica que sempre leio e releio, mormente as páginas que comentam o Evangelho. A releitura estava por fazer. Penso com meus "botões" - por que não a fizera? Sempre na primeira leitura grifo e assinalo com asterisco as frases e palavras - chaves que normalmente exigem maior ruminação para melhor aprofundamento, pois, emana da lavra do magistral articulista Mons. João Scognamiglio Clá Dias.
O Evangelho comentado é o de João cap.6, versículos 41 a 51 . "Eu sou o pão que desceu do céu."
No introito o articulista, suponho, começa tangendo com aquela força o teclado, carregando na tinta, - por minha conta - censura preconcebida aos coetâneos de Jesus: fariseus, saduceus, escribas e... quejandos – que esboçavam, gratuitamente, sua obstinada e ilógica incredulidade em relação à santidade do Mestre. Jesus diante deles deu provas inequívocas e evidentes: "cura de todo tipo de doenças, libertação de possessões diabólicas e outros milagres assombrosos, entre os quais a mudança da água em vinho, ou a multiplicação de pães e peixes, ocorrida pouco antes do episódio narrado neste Evangelho do 19° Domingo do Tempo Comum." Mas, para encurtar o assunto e ir logo ao cerne da questão diz que "a natureza humana é um composto de espírito e matéria - a alma e o corpo - no qual há uma hierarquia em que a parte espiritual deve - o grifo é meu - governar a material, o que ocorre pela prática da virtude - que é a disposição firme e constante na busca do bem - com o auxílio da graça." Não vou transcrever o que acontece quando "o homem se deixa dominar pelas potências inferiores. No primeiro caso predomina o espírito e dizemos estar diante do homem espiritual; no segundo, prepondera a matéria: é o homem carnal, ou como se diz materialista." Com Deus chego onde queria. Retornando a Valença ao desembarcar recebo a notícia do chamado de Deus ao nosso querido Hilton Mello.
Por que não esbocei qualquer reação? Porque veio - me à mente o ato inusitado - do levar a Revista. Era minha intenção relê-la no ônibus que me conduziria ao Rio de Janeiro. Tentei - mas do além veio a ordem de que o momento não seria aquele. Não ousei sequer tirá-la do envelope. Adormeci até. Quando me encontrava no lugar onde fui tratar do assunto que motivara a viagem - uma sala com relativo conforto umas trinta pessoas silentes com os olhos e ouvidos direcionados a uma televisão que transmitia o de sempre - a desgraça que assola o país: assaltos, latrocínios, arrastões, acidentes, prisão de gente grande e pequena, denúncias idem; falcatruas, arranjos, superfaturamento, malversação do erário público, caos na saúde – agravado pela nova gripe - na educação, atos secretos e... nada de punibilidade aos grandes, mas aos pequenos ... "não sei, não vi, não conheço." Mas a grana sumiu, o patrimônio aumentou - magicamente? Pensei em deslocar-me para o corredor de acesso à sala no intuito de livrar-me de tantas notícias e cenas ruins. Mas, graças a Deus lembro-me da Revista e, por vontade D’Ele consigo concentrar-me na releitura. Detenho-me no parágrafo que descreve o homem espiritual - eis a razão, agora detectada, do não ter esboçado qualquer reação quando soube que Hilton fora chamado a usufruir da bem-aventurança – vida eterna - que Deus lhe havia reservado desde a eternidade. Ainda criança já nutria um respeito e amor paternos por ele. Deixava-me entrar na Cooperativa para pescar. Cresci e, com meu crescimento cresceu também a empatia entre nós que o tempo transformou-a em uma sólida e intocável amizade mercê dos atributos e qualidades incontestes que detinha: humano, solícito, caridoso, discreto; amigo nas horas certas e incertas. Culto, capacíssimo na profissão que escolhera. Devo-lhe muito. Dele aprendi os meandros do como ser bancário. Mormente de como preservar intactas e indevassáveis as transações dos correntistas dentre outras tantas preocupações que devem estar sempre presentes na lida estafante a que é submetido o bancário. Hilton foi para mim e, com toda certeza o foi para muitos e para todos O EXEMPLO a ser seguido. Neste momento em que expresso-lhe humilde homenagem ainda não estive com nenhum dos seus. Abraçá-los-ei o quanto antes. Oferecer-lhes-ei possíveis palavras consoladoras – se a emoção permitir. Mas minha consolação é externa, periférica. Desejar-lhes-ei, agora sim, com a alma jenuflexa a consolação que provém do Altíssimo. Aquela que lhes atinja o coração desde dentro. Que o suaviza, regenera; interrompe as lágrimas. Hilton nunca deixou que alguém chorasse.Vezes sem número não enxugava lágrimas ... impedia - as de rolarem. Desapegado do material, temente a Deus. Quantas vezes o vi na Igreja Matriz: sentado, aquela contida expectativa; de pé, olhos fixos no altar; jenuflexo, ante a elevação das Espécies, dele emanava uma aura que o transfigurava. Como poucos exercitou "os valores mais fundamentais que orientam, norteiam a convivência humana – o acolhimento e a solidariedade social. Deu-nos o entendimento de que acolher significa colocar o que somos como pessoa e o que temos, como a competência, a serviço da promoção do próximo. Entrar em sintonia com a história, a vida, a luta, de cada um e de todos." Meu inesquecível Hilton, que você, agora na bem-aventurança que o Pai lhe concedeu, interceda para que os seus acolham a graça consoladora que vem do Pai, e que eles a divida conosco seus eternos agradecidos amigos. Os que tivemos a graça de seu convívio e de fruir da sua sincera amizade – que sejamos todos espirituais como o foi você. Ouça – se assim for da vontade do Pai - o até aí – dos amigos saudosos mas cônscios de que você está iluminado pela luz que promana do Altíssimo. Vendo-O face a face .
Obrigado por tudo Hilton

Camisa Número Um

Dimas Cyrne da Luz.

A existência de cada ser humano é ímpar, alguns já nascem com o destino traçado, e muitos não conseguem realizar todos os seus sonhos.
Há quem diga que até para as flores existe a "Sorte", umas nascem para enfeitar a vida, outras para enfeitar a morte. Mas uma coisa é certa na vida: existe a lei da compensação. Às vezes, perde-se de um lado, mas se ganha de outro.
No início da década de setenta, aos sábados, à noite, era realizada uma reunião no jardim de Rio Preto-MG. O assunto era a escalação do time de futebol de nome Central, que iria jogar no domingo. Muitas discussões, considerações e ponderações...Todos queriam jogar, um com a camisa três, outro com a nove e aí por diante...Mas uma camisa não era contestada – ela tinha seu titular absoluto, era a camisa de número um, a camisa do goleiro, e este titular chamava-se ZÉ PATINHA. De estatura mediana e magro, sem dúvida, o melhor goleiro da época. Debaixo do travessão, ele se tornava um gigante e criava asas, pois chegava a voar para fazer as defesa mais difíceis. A bola não balançava as redes. Assim, por muitos anos, graças ao talento do goleiro Zé Patinha, fomos vitoriosos.
O tempo passou, o time de futebol foi desfeito e cada jogador seguiu seu destino. E numa tarde cinzenta do mês de agosto do ano dois mil e nove, o serviço de alto falante de nossa Rio Preto, anunciou o que não queríamos ouvir – era o falecimento de José Maria Torres de Oliveira, o popular Zé Patinha. Fiquei triste e rezei. É o mínimo que um amigo pode fazer, recordei suas defesas como goleiro e, por um instante, tive a impressão de vê-lo novamente voar, mas desta vez não para pegar a bola, mas em direção ao Céu. Compartilhamos, muitas vezes, caçadas de rãs, banhos no rio Preto; jogos de bolinha de gude, e partidas de futebol, era meu amigo de infância e juventude. Às vezes, lamentava para mim a perda de sua mãe, que o destino lhe roubara ainda quando criança. Muito bem criado pelos avós, segui seu destino: foi coroinha na Igreja Matriz Senhor dos Passos de Rio Preto-MG, foi carregador de malas, pois nesta época ainda existia a saudosa Maria Fumaça, engraxou muitos sapatos, trabalhou como servente de pedreiro, pintor e também em firmas fora de nossa cidade, sempre trabalhador, honesto e amigo. Depois casou-se, teve filhos e por um tempo dizia estar feliz, mas o destino lhe reservara a separação...Mudou-se para Valença, e por lá permaneceu por muitos anos até os últimos dias de sua vida.
No jogo da vida, às vezes, procuramos livros e doutores, para nos ensinar como venceR. E é com pessoas humildes, como você, Zé Patinha, que aprendemos a driblar as adversidades da vida, com sabedoria, simplicidade e alegria.
Não sei quanto tempo vai levar, mas antecipadamente queria lhe pedir um favor: guarde aí para mim a camisa de número sete, já que a camisa de número um foi e será sempre a sua.
Descanse em paz, Zé Patinha, você merece.

Um Predestinado


Francisco B. Werneck.
Não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas, através de suas obras musicais, pude depreender que se tratava de uma personalidade ímpar no cenário nacional.
Para quem nasceu na roça e na pobreza, seria humanamente impossível galgar e até mesmo sonhar com o sucesso da fama...
O primeiro passo decisivo que ele deu foi realizado com a sua mudança para a cidade mais próxima da zona rural em que viveu os seus primeiros anos de vida...
Logo depois, granjeando a confiança de seu patrão que se mudara para uma cidade grande, ele acabou realizando a sua 2ª mudança, onde conquistou muitas amizades diante de pessoas de prestígio social e político.
E, assim, o tempo foi passando... passando... passando..., e ele ampliando os seu relacionamento na cidade grande em que alcançou um prestígio incomum junto das pessoas de destaque reconhecido na sociedade brasileira.
Estamos falando de ATAULPHO ALVES, célebre cantor e compositor, nascido em MIRAI-MG, e, posteriormente, passando a residir na cidade do Rio de Janeiro-RJ, onde pôde realizar o seu ideal de vida.
Pelo que ele era e pôde alcançar na vida, podemos afirmar, sem medo de errar, que foi um PREDESTINADO. A sua vitória foi alcançada às custas de sua perseverança, competência e vontade de vencer. Não houve proteção de ninguém e nem falcatruas para ludibriar a boa fé de quem quer seja. Houve, sim, a sua fé em DEUS e o seu mérito pelos bons propósitos que sempre o animaram durante toda a sua existência terrena.
Embora ATAUPHO ALVES tenha enfrentado tantos desafios em sua vida, superou a todos eles e mostrou que para vencê-los bastou a sua determinação de querer alcançar a realização de seu sonho...
Parabéns ATAULPHO, e eu, como seu conterrâneo, sinto-me muito orgulhoso por tudo isso...
Fica aqui uma lição de vida para todos nós. Quem quiser algo de bom na vida é só seguir os passos do nosso querido conterrâneo.
Para maiores informações desta figura impoluta, leia o livro "ATAUPHO ALVES – UM BAMBA DO SAMBA", de autoria do Professor, Escritor, Historiador e Pensador LUIZITO PEREIRA que poderá ser contactado através do seguinte endereço: Praça Dr. Luiz Alves Pereira, nº 1, Mirai-MG, Cep: 36790-000, tel (31) 3426 2203 ou da Fundação Israel Pinheiro, Av. Amazonas, no 491, sala 105, Centro, Belo Horizonte-MG, Cep: 30180-907, tel: (31) 3273 8393- Atenção da Sra. Maria Aparecida Rezende.

O Doido da Garrafa


Adriana Falcão.
Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.
Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura, virou o Doido da Garrafa.
O Doido da Garrafa fazia passarinhos de papel como ninguém, mas era especialista mesmo em construir barquinhos com palitos. Batizava cada barco com um nome de mulher e, enquanto estava trabalhando nele, morria de amores pela dona imaginária do nome. Depois ia esquecendo uma por uma, todas elas, com exceção de Olívia, uma nau antiga que levou dezessete dias para ser construída.
Batucava muito bem e vivia inventando, de improviso, músicas especialmente compostas para toda e qualquer finalidade, nos mais variados gêneros. Uai aí aquela da mulher de blusa verde atravessando a rua apressada, e o Doido da Garrafa imediatamente compunha um samba, uma valsa, um rock, um rap, um blues, dependendo da mulher de blusa verde, do atravessando, da rua e do apressada. Geralmente ficava uma obra-prima.
Gostava muito de observar as pessoas na rua, do cheiro de café, de cantar e de ouvir música. Não gostava muito do fato de ter pernas, mas acabou se acostumando com elas. De cabelo ele gostava. Em compensação, tinha verdadeiro horror a multidão, bermudão, tubarão, ladrão, camburão, bajulação, afetação, dança de salão, falta de educação e à palavra bife.
Escrevia cartas para ninguém, umas em prosa, outras em poesia, como mero exercício de estilo.
Tinha mania de dar entrevistas para o vento e já sabia a resposta de qualquer pergunta que porventura alguém pudesse lhe fazer um dia.
Ajudava o dicionário a explicar as coisas inventando palavras necessárias, como dorinfinita.
Adorava álgebra, mas tinha particular antipatia por trigonometria, pois não encontrava nenhum motivo para se pegar pedaços de triângulos e fazer contas tão difíceis com eles.
Conhecia mitologia a fundo.
Tinha angústia matinal, uma depressão no meio da tarde que ele chamava de cinco horas, porque era a hora que ela aparecia, e uma insônia crônica a quem chamava carinhosamente de Proserpina.
Sentia uma paixão azul dentro do peito, desde criança, sempre que olhava o mar e orgulhava-se muito disso.
Acreditava no amor, mas tinha vergonha da frase.
Às vezes falava sozinho, Preferia tristeza à agonia.
Todas as noites, entre oito e dez e meia, era visto andando de um lado para o outro da rua, método que tinha inventado para acabar de vez com a preocupação de fazer a volta de repente, quando achava que já tinha andado o suficiente. (Preferia que ninguém percebesse que ele não tinha para onde ir.) Enquanto andava, repetia dentro da cabeÇa incessantemente a palavra ecumênico sem ter a menor idéia da razão pela qual fazia isso.
Durante o dia o Doido da Garrafa trabalhava numa multinacional, era sujeito bem visto, supervisor de departamento, ganhava um bom salário e gratificações que entregava para a mulher aplicar em fundos de investimento.
No fim do ano ia trocar de carro.
Era excelente chefe de família.
Não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas sempre que ele passava as outras pessoas do mundo pensavam, lá vai o Doido da Garrafa, e assim se esqueciam das suas próprias garrafas um pouquinho.

Gol Contra

Adriano de O. Duque.

Parar no bar depois do trabalho é uma ótima opção para limpar a poeira da garganta e a burocracia da cabeça. Diariamente, faço esta faxina. Para tirar a poeira, basta um cafezinho. Já a burocracia de prazos, custas a maior e a menor, carimbos, certidões...a solução é uma boa conversa fiada. Com os dois, café e conversa, molho e limpo o trigo que garante o meu pão de cada dia. Sobre a conversa, sem dúvida, a melhor delas é o futebol. Campeonato Brasileiro está aí com direito a Ronaldão e Adriano. A seleção do Dunga (porque todo brasileiro tem a sua) é pesada. Ganhou a Copa das Confederações com destaque para o goleiro. Um mau sinal: um time onde o goleiro se destaca é, no mínimo, muito vazado.
Dia desses, porém, a rotina foi quebrada. Apesar de dois cafezinhos, fiquei sem a conversa do gramado. Tudo porque apareceu um conterrâneo na hora H. Ele estava passando, ou me seguindo, e de repente foi entrando pelo boteco como quem vai passando lentamente em frente a televisão no momento que a falta ou pênalti vai ser batido. Entrou falando com uma simpatia mais que habitual. Longe dos bares da cidade e demais ouvintes riopretanos, estava mais a vontade e, claro, independente. Logo começou a falar da nossa política municipal – com um fervor que só vendo. Sua "indignação" tinha como causa, segundo ele, um escândalo político, o qual fui tratando de dividir mentalmente por dez. Enquanto ele esbravejava em defesa dos cofres públicos e de sua cidadania ferida, percebi que o meu amigo do bar escutava tudo de tabela. Éramos dois ouvintes para aquele comício chato. Para acabar com aquilo, apliquei a tática dos políticos quando confrontados com fatos e perguntas, ou seja, a do silêncio total. E, felizmente, o final da conversa abreviou-se. Chegou com aquela frase imperativa de costume: você tem que pôr isto (o escândalo) no seu jornal. Concordei com a gravidade do fato e, para acelerar sua despedida, para não falar fuga, ofereci todas as linhas do jornal para ele, nosso cidadão indignado. Expliquei que ele estava mais interado do assunto e filosofei com aquele verso de que uma andorinha só não faz verão. Foi aí que ele pulou, ou melhor, voou. Fingiu pressa e se despediu. O dono do boteco riu desta vez e, lá da pia mesmo, lavando os copos, falou: "É, Rio Preto, Tiradentes tem muitos, tá faltando é pescoço".
Paguei a continha, fui embora pensando nos Tiradentes sem pescoço e chutando tampinhas para os gols que nunca fiz.

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