NOSSAS CRÔNICAS
Três crônicas: Tragédia do Cavaco, Animais de Estimação e Língua Portuguesa.
Tragédia do Cavaco
Por, João Marcos Honório Carneiro.
Amigos moradores do Cavaco e demais moradores de nosso
município e região. É doloroso lembrar o trágico acontecimento de 31 anos
atrás. Quando um casal de velhinhos morreu soterrado sob as terras umidecidas
da encosta do terreno vizinho ao bairro. Era verão e chovia muito. Dona
Glorinha acabara de chegar do trabalho e minutos antes passava no local.
Salvador Miguel dos Santos foi o primeiro a socorrer as vítimas. Talvez isso o
tenha feito participar da tão útil brigada anti-incêncio de Rio Preto.
Bem sabemos: água de morro abaixo e fogo de morro acima
ninguém segura. Também não segura a verdade quando ela deve aflorar.
Naquela tarde de agosto, há dois anos atrás, acompanhei com
angústia os incêndios que se proliferavam em nossa cidade. Fui até a lan house
– pois não possuía computador próprio e fiquei aquela tarde de domingo inteira
procurando um remédio para toda aquela situação. Foi então que achei um tipo de
capim muito utilizado no oriente para segurar as encharcadas encostas plantadas
de arroz.
O verão já iria chegar com suas chuvas frequentes e
abundantes. O pesadelo daquelas lembranças de infância veio à minha memória.
Tentei em vão recorrer às autoridades. Tentei fazer uma reunião com os
moradores do Cavaco. Escutei às bocas pequenas: Ele é um chato! Se ser exigente
é ser chato, eu assumo: sou chato. E vou chatear mais uma vez todos vocês
convocando uma reunião para ver se nós conseguimos junto às autoridades fazer
que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente consiga dialogar com os
proprietários daquelas áreas. Coisa que me foi negada naquela época.
Animais de Estimação
Por, Célia Vaz.
O nome
já diz tudo: de se estimar. Não para trabalhar ou dele se alimentar, esses
animais são adotados cada vez mais nos dias de hoje e estão sendo tratados como
se fossem pessoas da família. Parecem cumprir a missão de suprirem carências
afetivas. Sejamos sinceros: os laços sociais entre as pessoas vão se
diluindo, rompem-se acordos por qualquer coisinha; em contrapartida,fica-se mais
tempo em casa (foge-se da violência, da exposição, da lei seca, e tc.). Some-se a
isso Internet e churrasqueiras modernas (falaremos sobre churrasco mais
adiante) e mais o apelo ecológico e temos o “ecossistema” perfeito para a
proliferação desses animaizinhos,que segundo cientistas1, é um dos
fatores, devido a seu grande número, que contribuem para emissão de carbono no
planeta. Sugere-se até a proibição total das mascotes em todo o mundo como
forma de diminuir o aquecimento global. Você acredita que as pessoas abririam
mão de suas “petizinhas” particulares
em prol de um bem comum? Mas
deixa isso pra lá!
A história dos
homens com os animais domésticos começa a muito tempo atrás,mais ou menos oito
mil anos antes de Cristo. Era o início da revolução agrícola, mudando os
hábitos do homem que se tornava sedentário e começava a formar as primeiras
aldeias. Em casa estocavam grãos,que atraíam roedores, que atraíam gatos
selvagens2, e em volta delas ia surgindo “o lixo”, que atraía,por exemplo,lobos,
que por sua vez ajudavam a manter distantes predadores mais perigosos...
Eis a origem
dos gatinhos e cachorrinhos que toda criança adora, aliás, foram elas quem provavelmente começaram a trazer
filhotinhos para casa e convenceram os chefes da família mesolítica3 a
aceitarem os pequeninos. E essa parceria funciona desde então, em simbiose
perfeita,graças,em grande parte, à inferioridade dos animais em relação ao
homem e à consequente submissão a seus donos.
Mas nosso DNA
ainda é o mesmo, e sentimos muitas saudades de nossa vida selvagem,de nossas
fogueiras (falaremos sobre elas também); e olhar no fundo dos olhos de um
animal,um unstante que seja,nos remete a esses tempos antigos de vida ao ar
livre,sem lâmpadas,TV,sem contas a pagar... E é esse olhar que nos torna
selvagens novamente,e,ao mesmo tempo,alimenta nossos instintos,sempre
insaciáveis,de cuidado à prole... E como o homem precisa expressar seus
afetos,se não for com os sua espécie,que seja com outras... A psiquiatra Nise
da Silveira4 usava cães e gatos em sua lida com os pacientes e os chamava
“co-terapeutas”!
E
conjuntamente com a agricultura veio o pastoreio,com o homem domesticando os
animais para fins de alimentação e trabalho (tração). A bicharada não tinha
moleza não! como não tem ainda hoje,vide o caso da invasão do Instituto Royal
por manifestantes que literalmente,soltaram os cachorros! Mas será que depois
foram comemorar com um churrasquinho*? Então,assim como na vida,alguns animais
merecem mais consideração que outros? Cachorro vale mais que porco? Frango,boi?
Mas deixa isso pra lá!
De qualquer
forma,não há mesmo maneira dessa amizade acabar,pelo contrário,ela só se
fortalece. E nem falamos de mercado ainda! Biscoitinhos e roupinhas,caminhas e
bolinhas! Mas deixa isso pra lá!
1 James Lovelock,procura na Internet.2 Foi do gato selvagem
africano ( Felix Lybica) que derivou o atual gato doméstico. Assim como nós,da
África para o mundo!3 Mesolítico,período que começa entre 10.000 e 8.500 a.C. e
termina cerca de 5.000 a.C.4 Nise da Silveira,procura!* Finalmente,o hábito do
churrasquinho também é outra coisa que o homo sapiens não largará jamais. É a
reminiscência daqueles dias de caçadas fartas,a tribo reunida, homens, mulheres
e crianças em volta da fogueira que iluminava e cozinhava, e que aquecia a
noite límpida,de miríades de estrelas.
Célia Vaz é artesã, poetisa de papel e muito amiga de sua
gata nas horas vagas.
CURIOSIDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA
Por, Virgínia Almeida Ferreira.
Tive a
felicidade de estudar na E.E.Dermeval Moura de Almeida onde um professor
marcaria minha vida para sempre e me ensinou a venerar a língua portuesa –
Prof. Vitorino. Também tive meu pai grande incentivador da leitura, além de nos
contar histórias, colocava variedade de livros em nossas mãos, nos fazendo
amá-los. De tudo isto ficou o gosto pela literatura e a facilidade em expressar
pensamentos no papel. Como diz Saramago : “Quem de palavras tem experiência,
sabe que delas deve esperar tudo”. A história das palavras é a história do
homem. Elas nascem e atravessam idiomas, mudando quase sempre de formas para se
adaptarem à fala de um povo – e muitas vezes no conteúdo – revelando o olhar e
o pensar dos novos usuários. A surpresa pode estar na origem de uma palavra (um
azulejo não é obrigado a ser azul), (é possível quebrar um galho sem nenhuma
árvore por perto). Expressões e falas da língua portuguesa às vezes nos
divertem sem nem mesmo sabermos como surgiram e por que são hoje usadas da
forma que a utilizamos. Assim expressões surgiram e são utilizadas por nós no
cotidiano como: Por que uma pessoa é cheia de nove horas? – De onde veio o
puxa-saco? – Por que os dias da semana têm feira? – Onde Judas perdeu as botas?
– De que cor é a cor de burro quando foge? – Por que mandar alguém plantar
batatas? – Quando é que se volta à vaca fria? – Por que julho e agosto ficaram
juntos com 31 dias? – Por que o doce brigadeiro ficou com este nome? – Casa da
mãe Joana?- Santo do pau oco?.........Assim muitas expressões que usamos hoje
têm sua origem e significado,vou apenas dar uma palhinha para vocês leitores
sobre algumas destas expressões: - Onde Judas perdeu as botas ( é claro que
Judas nunca usou botas, pois estas não existiam
no seu tempo mas, nas pintura ele sempre as usava pois foi condenado a
vagar para sempre por lugares muito distante, onde provavelmente perdeu as
botas nos confins do mundo) – Casa da mãe Joana ( lugar onde todo mundo manda e
faz o que bem entende. Origem nos bordéis franceses onde Joana uma famosa
cafetina abria as portas dos bordéis para qualquer um , com o sentido de uma
casa que está aberta a todos). – Cor de burro quando foge (a expressão é
deturpação de outra, do tempo em que os animais andavam soltos na cidade:
“corro de burro quando (o burro) foge) – Plantar Batatas (era em Portugal uma
atividade inferior à de ser operário de fábricas por ser atividade
desprestigiada e braçal, que inferiorizava o trabalhador, destinava-se,
portanto a gente desqualificada). Já que estamos falando de curiosidades, você
sabe o que aconteceu com os reis magos após terem enganado Herodes?
Simplesmente sumiram. Mas um dia em um sonho pude saber que os magos de cabelos
brancos, transformaram-se em meninos. Eles haviam dado ao rei menino ouro,
incenso e mirra. Mas o que não se conta é que o menino tenha dado presentes a eles também. E o que ele deu, foram seus sonhos de criança! Bastou que os
magos sonhassem o sonho do menino para que se transformassem em crianças, com
olhos de menino. Que neste Natal cada um de nós nos transformemos em criança
vivendo dentro de nossos mais belos sonhos, brincando na esperança de que o
saco de Papai Noel esteja cheio de esperanças, partilha, amor, amizade,
felicidade, compreensão, sabedoria, para distribuir a todos que conosco
conviveram neste ano que passou.
Feliz Natal!