SOS ARGUMENTO

O Argumento precisa de sua ajuda. Faça uma doação para a C/C 07212 6, Agência 4570, Banco Itaú.

Contato - jornalargumento@yahoo.com.br


4/21/2009

Crônica: Ciúme (Dolor T. Freitas).

O Jornalzinho falou de uma história minha, pedindo para que eu a contasse. Uma história que eu conversei, mas não escrevi. Agora ela está pronta. Fala do ciúme. Primeiro, quero deixar claro que minha falecida esposa não era brava, tinha ciúme. O negócio esquentava quando eu ia no mato cortar lenha. É que eu tinha uma mania, acho que todo mundo tem manias. Eu tinha a minha. Antes de ir para o mato, lá do meu sítio, buscar um bom feixe de lenha, eu pedia que um portador fosse buscar primeiro um maço de cigarro. Era bom andar lá em cima pitando um cigarrinho. Comecei a fumar com doze anos, já contei isso. Pois bem, enquanto o cigarro não chegava, eu ia fazer a minha barba para o tempo passar. Aí a esposa chiava. Não entendia como que para ir cortar lenha era preciso sair barbeado, com loção e um maço de cigarro no bolso. Aí tem, falava brava com ciúme. Nesse mato, Dolor, deve ter alguma catita te esperando, ela me cutucava. Eu ficava quieto, não gostava de brigar. Entendia, porque eu era mais novo que ela dezesseis anos. Quero até contar que eu fui no casamento dela quando ela casou-se pela primeira vez. Era criança e, ainda por cima, éramos primos. O primeiro casamento durou dez anos. Logo que ela ficou viúva, quase dois anos, nosso casamento aconteceu. Eu era mais novo e depois quando ela ficou mais velha aí quem ficou nova foi ela, eu cuidava dela. Mas a cisma dela com o mato tem suas razões. Além da minha mania de fazer barba e comprar cigarro, antigamente, lá dentro do mato, sempre andava muita gente.É porque toda casa tinha o seu fogão à lenha. Não havia o fogãozinho à gás como hoje todo mundo tem. E a gente encontrava família inteira buscando lenha e até umas catitas mesmo. Muitas pessoas vinham lá da fazenda que se chama Grama. Nunca importei que cortasse lenha no meu sítio, sabia da precisão de todos. Mas tinha um vizinho que não gostava e acho que de pirraça o mato dele era o mais cortado. Uma coisa boa que ficou daqueles tempo é a água. A nascente é lá em cima, fica no meu sítio. Antigamente abastecia muitas casas no Divino. Era essa a história do ciúme. E para terminar esta história, eu acho que o ciúme estraga o casamento. Esse negócio que ele é tempero do amor é pura bobagem.

Autor: Dolor T. de Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate