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8/16/2009

KISS COM ISSO


Adriano de O. Duque.
Rio Preto pode ficar sem sua festa maior, a Exposição. O motivo é a gripe. Mas há alternativas para que isso não aconteça, inclusive tiradas em recente reunião. Senão, vejamos. Sugeriram o uso das máscaras. Na portaria, funcionários ficariam encarregados de mascarar as pessoas e, dentro da festa, muitos outros fiscalizariam seu uso. Mas como ficar de máscara dentro de uma festa, surgiu o questionamento. E para beber?fumar?beijar?...componentes indispensáveis para qualquer comemoração. Alguém solucionou o problema da bebida, aliás foi o primeiro componente enfrentado e solucionado. A bebida não seria servida em copos ou latas, mas em seringas descartáveis. Formaria – se uma fila e cada barraca venderia suas ampolas. Para os beberrões, haveria um reservado onde a ingestão daria - se em forma de soro. O cara ficaria deitado e receberia os emeeles necessários para o seu festejar. O problema do fumo foi solucionado com mais facilidade, basta adesivos com nicotina e o vício está saciado. Com relação à maconha, por não haver o adesivo e a legalização da erva, não há risco algum, pois continuará sendo consumida em lugares mais afastados, longe das aglomerações, isto é, estradas, ou melhor, aeroportos. Ficou faltando o beijo. Depois de muito se pensar, o romântico do grupo arriscou um palpite: vamos beijar com os olhos. Isso é coisa de maluco, sacanearam alguns. O mais didático do grupo explicou que não funcionaria, pois as emoções afloram em uma festa e beijar com os olhos seria tão impossível quanto comer com os olhos diante de um banquete. Ah!oh!... silêncio no grupo. Alguém lembrou que a porção havia se acabado. Passados uns minutinhos, depois de outra rodada, é bom informar que esta reunião ocorreu num bar, entre álcool, cigarros e, claro, beijos, a mulher do grupo opinou. Com seus..., já nem sei quantos sentidos e libras a mais, e um pouquinho de ressentimento também, falou leve, pausada e desafiadora (ou vingativa?): vamos beijar como se estivéssemos beijando pela última vez e aí quem pegar o vírus pegou, ele será só um detalhe, afinal beijar é ato maior que festa e vírus. Beijar é demonstração de afeto, amor e paixão, mas não de número. Nesta última parte entrou a bronca. Falou daqueles caras que beijam para os outros. Alguém ponderou que há também aquelas que beijam para os outros e, principalmente, para as amigas morrerem de inveja. Novamente o silêncio. O poeta quis participar, desceu do seu mundo etílico-contemplativo e, claro, lembrou um verso. Atacou o problema com o seu poeta de cabeceira e bebedeira, o Augusto dos Anjos, e recitou: "Toma um fósforo. Acende teu cigarro!O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A mão que afaga é a mesma que apedreja". E, como poeta, não esperou resposta de ninguém, tomou mais uma, deu outro trago no cigarrinho e voltou para o seu mundo. Foi aí, entre a viagem de volta do poeta e o silêncio do grupo, que o mais bêbado e fumante entrou na discussão e misturou vírus, poesia, política, música, medicina, religião e despejou: dane-se a gripe! viva a vida! quem tiver a mão decepada levante o dedo! tudo é tudo nada é nada! a culpa é da igreja! a culpa é do prefeito!..Diante desta catarse etílica, alguém teve a lúcida ideia de pedir a conta e deixar o problema do beijo para o próximo encontro que pode ser, quem sabe, na Exposição.

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