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10/27/2009

Gol Contra

Adriano de O. Duque.

Parar no bar depois do trabalho é uma ótima opção para limpar a poeira da garganta e a burocracia da cabeça. Diariamente, faço esta faxina. Para tirar a poeira, basta um cafezinho. Já a burocracia de prazos, custas a maior e a menor, carimbos, certidões...a solução é uma boa conversa fiada. Com os dois, café e conversa, molho e limpo o trigo que garante o meu pão de cada dia. Sobre a conversa, sem dúvida, a melhor delas é o futebol. Campeonato Brasileiro está aí com direito a Ronaldão e Adriano. A seleção do Dunga (porque todo brasileiro tem a sua) é pesada. Ganhou a Copa das Confederações com destaque para o goleiro. Um mau sinal: um time onde o goleiro se destaca é, no mínimo, muito vazado.
Dia desses, porém, a rotina foi quebrada. Apesar de dois cafezinhos, fiquei sem a conversa do gramado. Tudo porque apareceu um conterrâneo na hora H. Ele estava passando, ou me seguindo, e de repente foi entrando pelo boteco como quem vai passando lentamente em frente a televisão no momento que a falta ou pênalti vai ser batido. Entrou falando com uma simpatia mais que habitual. Longe dos bares da cidade e demais ouvintes riopretanos, estava mais a vontade e, claro, independente. Logo começou a falar da nossa política municipal – com um fervor que só vendo. Sua "indignação" tinha como causa, segundo ele, um escândalo político, o qual fui tratando de dividir mentalmente por dez. Enquanto ele esbravejava em defesa dos cofres públicos e de sua cidadania ferida, percebi que o meu amigo do bar escutava tudo de tabela. Éramos dois ouvintes para aquele comício chato. Para acabar com aquilo, apliquei a tática dos políticos quando confrontados com fatos e perguntas, ou seja, a do silêncio total. E, felizmente, o final da conversa abreviou-se. Chegou com aquela frase imperativa de costume: você tem que pôr isto (o escândalo) no seu jornal. Concordei com a gravidade do fato e, para acelerar sua despedida, para não falar fuga, ofereci todas as linhas do jornal para ele, nosso cidadão indignado. Expliquei que ele estava mais interado do assunto e filosofei com aquele verso de que uma andorinha só não faz verão. Foi aí que ele pulou, ou melhor, voou. Fingiu pressa e se despediu. O dono do boteco riu desta vez e, lá da pia mesmo, lavando os copos, falou: "É, Rio Preto, Tiradentes tem muitos, tá faltando é pescoço".
Paguei a continha, fui embora pensando nos Tiradentes sem pescoço e chutando tampinhas para os gols que nunca fiz.

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