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9/25/2010

NOSSA CRÔNICA

BOCA DA BARRA
DIMAS C. LUZ


Chegava o verão, era uma festa. A nossa praia estava ali, intacta, areias brancas e água límpida. Podíamos até ver alguns peixes pequenos, beirando os areais. Muitos de nós tivemos o privilégio de ali aprendermos a nadar. Assim era a Boca da Barra, o encontro das águas do córrego da Safira com o rio Preto. Durante muitos anos podia-se ver e usufruir desse paraíso. Naquele local, pescávamos lambaris, piaus e outros peixes. As famílias realizavam piqueniques e os banhos eram coletivos. Os envangélicos realizavam seus batizados e as crianças brincavam com baldes de areia à beira d’água.
As águas eram mansas, e não escondiam nenhum perigo. O corpo desta praia era limpo, para nós ali era um lugar sagrado.
Um pouco abaixo podíamos ver ancorado o “Gaivota”. Esse era o nome do barco do compadre Souza. E era nessa embarcação que homenageávamos nossa Senhora Aparecida no dia 12 de outubro, em procissão pelas águas do rio Preto.
Do outro lado da margem viam-se inúmeros pés de ingá, os quais lançavam seus frutos às águas para alimentar os peixes.
Os anos se passaram, tive saudades da Boca da Barra e resolvi voltar àquele local. Lá chegando, levei um susto. O que teria acontecido?
A Boca da Barra estava irreconhecível. Teria passado por ali um furacão, um tufão, ou um vulcão por perto teria entrado em erupção?
Não seria nada disso, em Rio Preto-MG, neste país chamado Brasil, graças a Deus não existe incidências desses fenômenos. Com certeza, não seria a Mãe que teria se autodestruído.
Desci o barranco e comecei a percorrer o corpo do que um dia foi um paraíso; onde se podia andar descalço, hoje calçado é um risco. E fui identificando grande quantidade de cacos de vidro, latas, pedaços de ferro, restos de construções. Muitas garrafas de plástico e de vidro, sacolas plásticas, pneus velhos, enfim, todo tipo de lixo.
A esta altura já não tinha mais dúvida de que teria tirado a beleza e a pureza da Boca da Barra. Sim, seria um animal, o qual é o maior inimigo da natureza, polui as águas, pratica caça predatória, apreende pássaros e deposita seu lixo de forma irracional.
Este animal se chama Homem...Os filhos que maltratam a mãe merecem castigo. E você, Mãe Natureza, até então tem sido benevolente. Mas até quando?
Indignado com o que vi, apanhei dois gravetos de uma árvore seca, construí uma pequena cruz e cravei naquele solo. Em sinal de respeito à Mãe Natureza.

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