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9/25/2010

RESENHA

MONTANHA MÁGICA - CONVITE AO CONHECIMENTO.
DÊNIS DE OLIVEIRA DUQUE
A Montanha Mágica é um livro que se coloca entre as grandes obras literárias escritas no século XX.
Este é um livro que desafia o jovem, o educador e qualquer leitor que o leia com atenção, a se investigar.
Obra do escritor Alemão Thomas Mann, que o escreveu no início do século XX. E apesar de ter sido escrito há quase cem anos, “A Montanha Mágica” continua sendo um livro atualíssimo e fundamental principalmente para quem se preocupa com a educação e os rumos da civilização.
Neste livro conhecemos a história do jovem Hans Castorp que se preparava para iniciar-se em sua profissão e já estava bastante comprometido com as expectativas da sociedade em que vivia. Fazia parte de uma família conservadora, da elite de uma cidade alemã em rápido processo de industrialização.
Tendo completado seus estudos de engenharia naval, se preparava para estagiar num estaleiro e projetar navios. Quase alcançava o domínio completo da técnica com apenas 23 anos, mas era de certa forma ignorante e inexperiente diante de outras áreas do conhecimento e diante da vida.
O autor do livro mostra o jovem Hans Castorp ou nada conhecedor de filosofia, política, psicologia. Pouco ou nada conhecedor sobre outros países e outros povos. Pouco conhecedor sobre si mesmo e sobre a humanidade.
Tudo isto era fruto de sua educação limitada por privilegiar a técnica em detrimento de outros ramos do conhecimento.
A história do jovem Hans Castorp não se desenvolverá porém de forma tão previsível porque uma viagem muda o rumo dos acontecimentos. Seria uma viagem rigidamente planejada para durar por apenas três semanas. Seu objetivo era visitar o primo, que num sanatório nos Alpes Suíços tentava se curar de uma tuberculose.
Seriam três semanas de solidariedade ao primo enfermo e preso há cinco anos no alto daquelas montanhas frias. Seu destino é o Sanatório Berghof, misto de hospital e hotel onde o primo está internado.
Lá chegando, guiado pelo primo, a medida que os dias passam, Hans Castorp conhece uma parte da condição humana que nunca imaginou existir. Conhece seres limitados pela doença e a reação destes seres à doença que neles se instalou.
Seu próprio corpo lhe reservara surpresas. Certo dia sente-se mal durante uma caminhada longa que realizava e em seguida uma “gripe forte” o acomete. O médico do sanatório o convence a passar pelos exames que todos ali realizam e nesses exames descobre que também está doente. Hans Castorp decide permanecer no sanatório até que se cure e neste intervalo todos os valores “lá de baixo”, “da planície” de sua família e de sua classe vão sendo questionados pelo jovem.
Certo dia decide junto com o primo, visitar os pacientes que estão em estágio terminal e então toma contato com a experiência da morte. Experiência que muitos ali não querem vivenciar.
Mas ao contrário do que pode parecer, este não é um livro triste e dedicado à morte. Está sim repleto de manifestações de vida, como quando o autor leva os personagens a passeios pela região e relata a natureza, as montanhas, as flores e a neve num quadro exuberante. Nestas páginas fica muito evidente que o livro transmite uma bela mensagem ecológica.
A vida se manifesta intensamente também quando o autor descreve o charme de Madame Chauchat e o interesse de Hans Castorp por ela. A personalidade e o modo de ser diferente desta mulher atrai o interesse de Hans Castorp e o relacionamento entre os dois preenche muitas páginas interessantes.
O livro também traz passagens de muito humor, como no namoro barulhento de um casal de russos, ou nos espetáculos do Senhor Albin no pátio do sanatório e também nos disparates ditos à mesa pela Senhora Sthor.
O jovem Hans é desafiado pelo senhor Settembrini e pelo Senhor Naphta no sentido de desenvolver e apresentar sua visão de si mesmo, da humanidade e do mundo. As conversas que desenvolvem estão recheadas de visões sobre a história, medicina, arte, política e a religião. O jovem então se esforça para buscar um conhecimento sobre as coisas em vez de apenas esperar pelo futuro que sua posição e sua classe lhe reservava.
Implícito no livro está a mensagem de que uma educação somente técnica não é suficiente para formar pessoas e não é suficiente para preparar a juventude para a vida.
Vale a pena ler “A Montanha Mágica” para refletirmos sobre a educação que devemos trazer aos nossos jovens. Vale a pena que a juventude leia este livro buscando conseguir inspiração para buscar uma educação não somente técnica, mas também humana.
Ao terminar a leitura certamente o leitor terá uma sensação de que se divertiu muito, mas não somente se divertiu. O leitor terá a sensação de que se divertiu com coisas sérias, ou seja, que o livro também lhe passou um aprendizado sobre a vida.
“A Montanha Mágica” é um livro que ao final da leitura nos deixa um sentimento de sermos mais educados. Mas que tipo de educação?
Educados no sentido de nos conhecermos melhor, nossas qualidades e nossos defeitos. Educados, também no sentido de conhecermos melhor os progressos e as misérias de nossa civilização ocidental.

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